Ouço o
silêncio avassalador
No corredor
Espreito
pela janela encostada
Devido ao
calor intenso que me queima por dentro
Um calor que
corrompe toda a minha falta de paciência
Para ele
O barulho silencioso
da madrugada.
Na escuridão febril e silenciosa
Do vazio do meu quarto,
Não consigo dormir
Na escuridão febril e silenciosa
Do vazio do meu quarto,
Não consigo dormir
A culpa é
toda deste inferno
Que me sai
por todos os poros…
Da imensidão
chega o som
Suburbanos, trens de carga
Que levam o gado para o trabalho
Suburbanos, trens de carga
Que levam o gado para o trabalho
Carregam
consigo os planos, os oníricos, a esperança.
Mal sabem eles…
Mal sabem eles…
O futuro é
tão, mas tão, incerto
O que hoje é floresta
Amanhã será deserto
O que hoje é floresta
Amanhã será deserto
E todos eles
poderão ser camelos.
Os cães latem
Os periquitos chilreiam
Os periquitos chilreiam
A gata está
no cio
O rapaz tem
as mãos ocupadas
A rapariga
tem o pito preparado para receber o cacete
O carteiro traz um lembrete.
No fundo, os dias são sempre iguais
O carteiro traz um lembrete.
No fundo, os dias são sempre iguais
Pessoas que
se fornicam por trás
Todas
sorridentes pela frente
Gente que
agride com mãos de ferro
Invisíveis e impiedosas
Imitam a liberdade que não têm
Atitudes pré-determinadas
Ditadas por revistas, filmes e programas de televisão
Invisíveis e impiedosas
Imitam a liberdade que não têm
Atitudes pré-determinadas
Ditadas por revistas, filmes e programas de televisão
[Cabeças
ocas]
Criadores de conceitos, padrões e modas
Uniformizam os seus escravos
Marcam a força da engrenagem
Criadores de conceitos, padrões e modas
Uniformizam os seus escravos
Marcam a força da engrenagem
Como se de
uma máquina gigante se tratassem
Mas são apenas pessoas envoltas em silêncios
ensurdecedores…
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