quarta-feira, 17 de julho de 2013

Silêncio infernal...



Três horas da manhã
Ouço o silêncio avassalador
No corredor
Espreito pela janela encostada
Devido ao calor intenso que me queima por dentro
Um calor que corrompe toda a minha falta de paciência
Para ele
O barulho silencioso da madrugada.
Na escuridão febril e silenciosa
Do vazio do meu quarto,
Não consigo dormir
A culpa é toda deste inferno
Que me sai por todos os poros…
Da imensidão chega o som
Suburbanos, trens de carga
Que levam o gado para o trabalho
Carregam consigo os planos, os oníricos, a esperança.
Mal sabem eles…
O futuro é tão, mas tão, incerto
O que hoje é floresta
Amanhã será deserto
E todos eles poderão ser camelos.
Os cães latem
Os periquitos chilreiam
A gata está no cio
O rapaz tem as mãos ocupadas
A rapariga tem o pito preparado para receber o cacete
O carteiro traz um lembrete.
No fundo, os dias são sempre iguais
Pessoas que se fornicam por trás
Todas sorridentes pela frente
Gente que agride com mãos de ferro
Invisíveis e impiedosas
Imitam a liberdade que não têm
Atitudes pré-determinadas
Ditadas por revistas, filmes e programas de televisão
[Cabeças ocas]
Criadores de conceitos, padrões e modas
Uniformizam os seus escravos
Marcam a força da engrenagem
Como se de uma máquina gigante se tratassem
Mas são apenas pessoas envoltas em silêncios ensurdecedores…

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