Tem dias
em que todos os meus passos são incertos, cometo gafes, delineo objectivos incertos, percorro ruas
infinitas onde persigo oníricos tangíveis na alma que me acompanha. Por vezes,
deparo-me com espinhos enquanto caminho, e apetece-me atirar as pedras que surgem para
bem longe mas, à minha frente, encontro
uma parede que me impede de avançar
Por vezes, perco-me nas horas do dia
e à noite, vagueio nas horas perdidas e febris envoltas em insónias que me
atormentam sem saber que caminho seguir. Embalado no silêncio da escuridão
adormeço, mas de manhã custa tanto… acordo devido a agressividade do despertador.
A madrugada banhou-me de pensamentos
promíscuos, onde como réu declaro-me culpado, pois perdi a noção de que já não
sou quem fui outrora. Hoje, perdi a direcção e o rumo e já não pretendo manter
a distância.
Julgava saber tudo sobre mim, os
traços que fiz na linha da vida de forma a atingir os meus objectivos,
suportando o que quer que fosse, mas a realidade mostrou-me que não sou assim
tão forte tal como as paredes que já derrubei, as pedras que já encontrei no
meu caminho e acabei por atirá-las além do horizonte, mas há tanta coisa que
descuro e acabo por abstrair-me e até ignoro.
Tem dias em que finjo ver tudo mas
não vejo nada para além do que é real, para além daquilo que vejo à minha
volta. Teimo em viver na escuridão, mas quem não tem direito de errar?
No reflexo leio a
história que ficou perdida no tempo, submersa na maré das horas vagas, palavras
que tocaram o coração. Hoje, são meras companheiras da recordação e ficaram
retidas no piano do faz de conta.
Já me deixei prender pelo passado,
onde tudo ficava inerte. Era como se o tudo e o nada estivessem paralisados,
mas resolvi abdicar de momentos para escrever uma nova
história sem esquecer-me daquela que deixei para trás. Deixei para trás as tristezas,
meras páginas que fiz questão de virar, outras rasguei-as e fiz questão de não as
recapitular; mudei de livro! Hoje não omito as minhas fragilidades e não
retenho as lágrimas; faz-me sentir mais leve e torna-me mais forte. Não me
sinto mais, nem menos por vivenciar um direito de errar verdadeiro. Hoje
estou como o fogo. Estou mais forte
do que nunca… mas onde busco essa força?
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